quarta-feira, 13 de agosto de 2008

ROMARIA DO MUQUÉM

(Foto: Euclides Oliveira - Jornal Diário do Norte)
A mais antiga das romarias
Todos os anos uma multidão invade o povoado de Muquém, a 20 quilômetros de Niquelândia, e muda a rotina da pacata região durante dez dias de agosto. A romaria ocorre entre os dias 5 e 15 e é considerada, junto com a Festa do Divino, em Trindade, uma das maiores do Brasil. A festa religiosa do Nordeste goiano carrega o título de a romaria mais antiga de Goiás. Foi realizada pela primeira vez em 1748.

Estima-se que a romaria atrai todos os anos, mais de 160 mil pessoas a Muquém. A festa religiosa homenageia Nossa Senhora da Abadia. A romaria possui 45 quilômetros de extensão. O percurso tem início na Igreja Matriz da Paróquia São José, passa pela Paróquia Nossa Senhora da Abadia, e tem como destino o Santuário de Muquém.

A procissão ocorre durante toda a noite. O trajeto inclui a passagem pelas 15 estações da Via Sacra às margens da rodovia. A procissão termina com a chegada dos romeiros ao Santuário, o que dá início à romaria, que prossegue durante os dez dias seguintes.
Santuário do Muquém


É costume na romaria do Muquém o acampamento na área próxima ao Santuário construído recentemente para a recepção dos fiéis. O Santuário do Muquém foi inaugurado em 2004 e tem capacidade para 27 mil pessoas. Durante a romaria, o local sedia inúmeras missas, casamentos e batizados. O Santuário é cercado de morros, córregos e matas. Durante os dez dias de festa, milhares de pessoas pagam suas promessas no povoado, fazem suas preces e se ajoelham em forma de agradecimento aos pedidos atendidos. Uma grande fila ininterrupta é formada em direção ao altar do Santuário para que os fiéis possam tocar a faixa branca e vermelha que vai até os pés da imagem da santa.


Pioneirismo literário
Além de ser a romaria mais antiga do Estado, a festa de Muquém também está presente no primeiro romance regionalista brasileiro. A obra de Bernardo Guimarães, que narra a história da romaria, inaugurou o estilo literário que traz o nacionalismo expresso na simplicidade e exuberância nativa dos povos do interior do Brasil. Batizado pelo próprio autor como um romance realista e de costumes, "O Ermitão de Muquém" opõe-se à descrição de florestas e praias, à descrição dos campos sertanejos e do homem do campo. O livro conta a história de um devoto de Nossa Senhora da Abadia, que mata acidentalmente um amigo e recebe ajuda da Virgem, que intercede para que ele não seja condenado. Assim, o rapaz se torna um ermitão encarregado por levar o nome da santa a todas as pessoas. A narração traz como característica marcante a oralidade e a simplicidade do Brasil rural.


Origens da romaria
Há duas explicações para o início da tradição religiosa na região de Niquelândia. Os relatos populares explicam que tudo começou quando um garimpeiro português importou de Braga uma imagem de Nossa Senhora da Abadia. A imagem teria começado a atrair fiéis até a região. A outra explicação está contida no livro "O Ermitão de Muquém", de Bernardo Guimarães, escrito em 1858 e publicado em 1869. Trazendo como subtítulo "História da Fundação da Romaria do Muquém da Província de Goiás", a obra relata a história de um rapaz que recebe um milagre da santa e começa a propagar sua divindade.


(Fonte: Tribuna do Planalto)

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